Conheço Fernando há mais de 30 anos, passamos boa parte de nossas vidas freqüentando os mesmos lugares, com muitos amigos em comum, vivendo na linda e pacata Maceió. Desde sempre, vi seu envolvimento com nosso rico artesanato, promovendo a renda de filé em seus eventos de moda super conceituais e arrojados (na época eu era modelo, sempre senti e-nor-me desejo de fazer parte, nunca consegui :-/).
O artista plástico Fernando PerdigãoO filé é uma renda típica das Alagoas que teve sua origem nas margens das belas lagoas Mundaú e Manguaba, mais precisamente no Pontal da Barra, entre as mulheres de pescadores que enquanto esperavam seus maridos com o pescado do dia, aproveitavam o trançado das redes de pesca para bordar sobre ele os mais variados pontos, criando uma teia de rara beleza e originalidade. Arte que foi passada de geração a geração, ganhando espaço em vários outros estados nordestinos.
O filéFernando, sempre a frente de seu tempo, incrementou (sem perder o foco) a produção artesanal originada do filé e não apenas criou uma moda inovadora, promovendo um novo conceito estético que valorizou ainda mais o criativo trabalho das artesãs, como também desenvolveu uma linha inacreditavelmente bela de objetos de decoração, onde o filé tecido com linha de seda, aliado a diversos tipos de insumos naturais, a exemplo de talos, fibras e rendinhas do coqueiro, fazem a festa para os olhos de qualquer mortal de bom gosto.
Como vivo em Recife há quase nove anos, somado a tantos outros que vivi em Manaus, acabei por perder de vista o Fernando e suas criações e, para minha imensa alegria, ao voltar em Maceió para participar do Encontro Internacional de Negócios, promovido pelo Sebrae, reencontrei o criador e a criação, digo, encontrei a criação exposta em uma ilha criada especialmente para o evento e, maravilhada, registrei tudo com minha câmera antes mesmo de saber quem era o criador. Tão grande foi minha surpresa quando, bem ao final do evento, reencontro o Fernando, depois de muuuuuuuuitos anos sem contato. Fiquei extasiada quando soube que aquela ilha mágica era dele. Bobagem me sentir assim, elementar que fosse dele, quem mais poderia criar algo tão incomum e belo?
Sou fã, sempre fui, agora sou mais, porque o Fernando Perdigão é um dos heróis da resistência. Bravamente superou as dificuldades em promover o artesanal, criar arte, valorizar o belo, tarefa realmente árdua num país que pouco apóia seus artistas, menos ainda na região nordeste. É mesmo motivo de grande felicidade e orgulho para mim e como não sou egoísta, vim partilhar a beleza com vocês.
Palmas para ele!
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